De acordo com a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os bancos melhoraram a expectativa para o crescimento da carteira de crédito neste ano, com projeções passando de 9,7% em maio para 10,4% em junho.
A pesquisa da Febraban é feita a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião do Copom. No atual levantamento, feito entre 22 e 28 de junho, foram reunidas as percepções de 21 bancos do País.
Neste ano, esta já é a quarta alta consecutiva nas expectativas, embora a projeção ainda esteja abaixo da informada pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), de avanço de 11,9% em 2022.
A Febraban informou que a melhoria nas projeções do setor se deu por conta do aquecimento da atividade econômica e do desempenho mais forte que o esperado do mercado de crédito. A carteira com recursos livres foi o motor desse crescimento, com uma estimativa de crescimento de 13,1% neste ano. Na pesquisa de maio, a projeção era de alta de 11,8%.
“Avaliamos que a melhora das expectativas para o ano em curso tem sido impulsionada pelo bom desempenho da carteira desde o início do ano, pela continuidade do processo de normalização da atividade econômica, além da aceleração da inflação, que resulta na elevação nominal dos tíquetes médios das novas concessões, em especial nas linhas mais ligadas ao consumo”
disse Rubens Sardenberg, diretor de economia, regulação prudencial e riscos da Febraban
O ajuste na carteira de recursos livres foi para cima tanto nas projeções para pessoa física (de alta de 12,3% para alta de 13,5%) quanto nas de pessoa jurídica (de crescimento de 11,8% para alta de 12,4%).
Porém, houve revisão para baixo na projeção de crescimento da carteira com recursos direcionados, de 7,6% para 7,1%, puxada pela menor expectativa de crescimento da carteira PJ, que passou de alta de 2,5% para alta de 1,9%.
A pesquisa da Febraban também mostrou as expectativas dos bancos para a inadimplência na carteira com recursos livres neste ano. Agora, a projeção é de que os atrasos cheguem a 4% da carteira, uma piora em relação à expectativa registrada em maio, de 3,8%.
O número revela, para os entrevistados, uma normalização dos calotes, dado que em fevereiro de 2020, antes da pandemia da covid-19, a taxa era de 3,8%.
No quesito macroeconômico, 57,1% dos participantes esperam crescimento entre 1% e 1,5% para o PIB neste ano, e 38,1% esperam alta acima de 1,5%. Na pesquisa de maio, 58,8% esperavam alta de até 1%, o que mostra um maior otimismo.
Sobre política monetária, 81% dos participantes entenderam como adequada a sinalização do Copom de um novo ajuste, igual ou de menor magnitude, na Selic na reunião de agosto. Hoje, a taxa está em 13,25%, e deve voltar a subir na próxima decisão de política monetária.
A maior parte, 61,9%, acredita que a flexibilização monetária deve começar somente no segundo trimestre do ano que vem. Já 38,1% esperam um início da queda dos juros ainda mais tarde, no terceiro trimestre de 2023.
Para o câmbio, espera-se o dólar na faixa entre R$ 5,15 e R$ 5,20 até o começo de 2023. A maioria dos entrevistados, 66,7%, prevê uma desaceleração da economia americana, com recessão técnica (dois trimestres seguidos de queda), mas sem uma contração intensa.