Com base nos dados trazidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os preços dos alimentos que compõem a cesta básica no Brasil tiveram aumento de 26,75% nos últimos 12 meses até maio, subindo mais do que o dobro da inflação oficial do país, que foi de 11,73% no mesmo período.
Os dados referentes à alta da cesta básica fazem parte do Índice de Inflação da Cesta Básica, estudo liderado pelo economista Jackson Teixeira Bittencourt, coordenador do curso de Ciências Econômicas PUC-PR.
O indicador mede a evolução dos preços de 13 alimentos essenciais que fazem parte do consumo mensal dos brasileiros: arroz, feijão, farinha, batata inglesa, tomate, açúcar cristal, banana prata, contrafilé, leite longa vida, pão francês, óleo de soja, margarina e café em pó.
Para chegar aos números, o grupo levou em conta as despesas de consumo das famílias nas áreas urbanas, com renda de 1 a 40 salários mínimos, e analisou as variações mensais e o acumulado de 12 meses dos preços dos produtos.
Apenas em maio, a alta da cesta básica foi de 0,71% ante abril, também ficando acima do resultado do IPCA para o mês, que teve alta de 0,47%.
De acordo com Bittencourt, quando é feito um recorte para a cesta básica, é possível perceber que “a inflação é muito maior nesses itens”. O economista cita como exemplo o café em pó e o tomate, que são os produtos que tiveram o maior aumento nos últimos 12 meses, com altas de 67,01% e 55,62% cada.
O resultado trazido pelo IPCA é diferente, pois considera uma quantidade bem menor de produtos – apenas os essenciais para o dia a dia da alimentação da população brasileira.
“O IPCA é dividido em nove grupos. O próprio IBGE pega todos os itens que pesquisa – mais de 300 – e separa em grandes lotes. Por exemplo, alimentação e bebidas, transportes, despesas pessoais. Tem nove grandes grupos”
explicou o economista
Quais são os impactos para a população?
O Índice de Inflação da Cesta Básica mostra como a alta dos preços tem elevado o custo de itens essenciais, prejudicando o orçamento das famílias – principalmente as mais pobres.
Mas, a a inflação também afeta a economia brasileira porque reduz a renda disponível para o consumo. Para Bittencourt, o país vive um processo de “empobrecimento”.
“O poder de compra está diminuindo e as famílias ficando mais pobres – não só a classe D, mas também a C. Além disso, o desemprego vai continuar alto nesse patamar de 11,5% a 12%”.
disse o professor
Apesar de a alta dos preços estar presente na maior parte dos países ao redor do mundo, a inflação sentida no Brasil é superior.
“A gente está entrando no inverno. Se tivermos temperaturas negativas, como no outono, podemos voltar a ter geadas, e isso castiga as safras, como as de tomate”.
E, por parte do Governo Federal, Bittencourt destaca a omissão no combate à inflação, visto que as autoridades têm adotado medidas de estímulo ao consumo, o que pode manter a inflação elevada. Em sua visão, “quem está combatendo a inflação no Brasil é só o Banco Central, que está subindo juros, tentando frear a demanda”