Nesta quinta-feira (9), o BCE (Banco Central Europeu) elevou suas projeções de inflação mais uma vez e, visto que o conflito na Ucrânia continua a pesar sobre a confiança, o consumo e o investimento, decidiu por cortar as perspectivas de crescimento para o bloco.
Agora, o BCE vê a inflação acima de sua meta de 2%, sinalizando que reconheceu que a alta dos preços não é tão temporária quanto havia previsto.
Na visão de analistas, o BCE falhou em prever o recente salto da inflação, fazendo com que suas previsões aumentem acentuadamente trimestre após trimestre.
Para este ano, a inflação é estimada em média de 6,8%, valor bem acima dos 5,1% previstos em março. Para 2023, a projeção é de taxa média de 3,5% e, para 2024, de 2,1%.
Além de ter superado o patamar de 8% no último mês, a inflação anual pode atingir seu pico no terceiro trimestre, antes de recuar lentamente.
A principal causa do aumento da inflação é a escalada dos preços de energia, além de alimentos e crescimento do núcleo dos custos, que filtra os preços voláteis de alimentos e combustíveis, que também está bem acima de 2%.
O BCE passou a prever crescimento de 2,8% em 2022, de 3,7% antes. As taxas de expansão para 2023 e 2024 foram revisadas a 2,1% cada, de 2,8% e 1,6%, respectivamente, em previsão anterior.
Início de alta de juros no mês que vem
No mesmo anúncio, o BCE declarou que no mês que vem, promoverá sua primeira alta de juros. O movimento, que não é feito desde 2011, pode ser seguido por ajuste possivelmente maior em setembro, caso a inflação não desacelere.
O banco tem o receio de que a inflação se dissemine e possa se tornar uma espiral de preços e salários difícil de quebrar, estabelecendo uma nova era de custos elevados. Por conta disso, aumentará os juros em 0,25 ponto percentual.
“Vamos garantir que a inflação retorne à nossa meta de 2% no médio prazo. Não é apenas um passo, é uma jornada”, disse ela sobre os movimentos sinalizados nesta quinta”.
disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, durante entrevista coletiva.
Além disso, o banco central dos 19 países que compartilham o euro disse que encerrará seu Programa de Compra de Ativos, principal ferramenta de estímulo desde a crise da dívida da zona do euro, em 1° de julho.
Após o comunicado, a reação dos mercados foi de precificar 1,43 ponto percentual de aumentos de juros pelo BCE até o final deste ano, valor que é acima do 1,38 ponto previsto anteriormente.
Isso implicaria aumentos de juros em todas as próximas reuniões de política monetária a partir de julho, com alguns desses ajustes superiores a 0,25 ponto percentual.
Também há expectativa de aumento acumulado de 2,30 pontos percentuais na taxa de depósito do BCE até o final de 2023, o que deixaria o pico da taxa de juros neste ciclo de aperto perto de 2%.