As sinalizações registradas pelos indicadores antecedentes mostram claramente um cenário de desaceleração da economia global, apontam os economistas da FGV (Fundação Getulio Vargas).
“O Barômetro Coincidente de maio mantém-se abaixo do nível médio histórico de 100 pontos, enquanto o indicador Antecedente se afasta da média, refletindo o aumento do risco de desaceleração mais acentuada em diversos países”, afirmam os economistas Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos, no último Boletim Macro divulgado pela entidade.
Eles apontam que todos os indicadores setoriais coincidentes também recuaram fortemente no mês. As maiores quedas vêm da Construção e Economia Geral (avaliações dos consumidores e agregadas empresariais), seguidas de Indústria, Serviços, Comércio.
“Com o resultado, todos os cinco indicadores setoriais estão agora abaixo do nível médio histórico de 100 pontos”, disseram.
Contribui para este cenário a alta da inflação, que vem pressionando os bancos centrais do mundo todo a subir juros para tentar conter o avanço dos preços.
Na zona do euro, os índices que medem a inflação ao consumidor giram no maior patamar da série histórica. Nos EUA e no Reino Unido, as taxas são as mais altas dos últimos 40 anos.
“A novidade, porém, não é tanto a inflação alta, mas a mudança de postura dos principais banqueiros centrais, que abandonaram o discurso de que a alta dos preços era “transitória”, e se resolveria sozinha, e passaram a aceitar que já passou da hora de abandonarem o expansionismo que caracterizou a política monetária desses países nos últimos anos”, disseram os economistas.
Nos EUA, eles apontam que a inflação deve continuar sendo pressionada. “Há vários motivos para isso”, aponta o relatório. Entre eles, e o mercado de trabalho continua muito apertado para padrões históricos, com a taxa de desemprego atingindo 3,6% em março.
Além disso, o índice de custo do trabalho1 (ECI), que inclui salários e benefícios pagos pelas empresas, subiu 1,4% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre, após avanço de 1,0% no último trimestre de 2021.
“Há, ainda, os gargalos nas cadeias de suprimentos, que continuam expressivos e foram intensificados pelo surto de Ômicron na China, tornando o processo inflacionário ainda mais desafiador”, concluem Castelar e Silvia Matos.