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Endividamento: benefícios adiam sensação de aperto das famílias, mas ela virá

A desaceleração da economia brasileira segue em curso, impactada por uma série de fatores que pesam cada vez mais sobre a atividade no país. O endividamento também preocupa pelo nível cada vez mais alto. Apesar disso, a liberação de benefícios pelo governo vem adiando a sensação de aperto das famílias, segundo o economista-chefe da Itaú Asset, Thomas Wu.

“Houve uma melhora inquestionável no acesso ao crédito nos últimos 10 anos. Agora, essas pessoas chegam neste ciclo de aperto monetário com dívida”, disse Wu, durante live da asset com apresentação do cenário macro.

Desde março de 2021 o Banco Central já efetuou 10 aumentos consecutivos da Selic, a taxa básica de juros do país, que passou de 2% ao ano para os atuais 12,75% a.a. Este é o maior nível dos juros brasileiros desde o começo de 2017.

“Neste e nos próximos meses as famílias estão tendo alguma ajuda: antecipação de 13º para pensionistas, liberação de saque de até R$ 1.000 do FGTS. Isso posterga um pouco a sensação de aperto [do orçamento familiar]. Mas eu acho que [este aperto] virá”, continuou o economista.

De acordo com a Caixa, a liberação de parte do FGTS beneficiará 42 milhões de pessoas e poderá injetar cerca de R$ 30 bilhões na economia até o final deste ano. Os saques foram liberados em abril e ficarão disponíveis até o mês de dezembro.

Parte deste dinheiro deve ser usado para quitar dívidas. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) o número de famílias endividadas (com dívidas em atraso ou não) e inadimplentes (com dívidas e contas em atraso) atingiram no mês de abril os maiores valores em 12 anos.

O percentual de brasileiros endividados chegou a 77,7% no mês passado, bem acima dos 67,5% verificados em abril de 2021.  

Já o percentual de inadimplentes atingiu 28,6%, o que significa o segundo maior nível da série histórica, iniciada em 2010.  Em abril de 2021 a inadimplência estava em 24,2%.

Wu comparou o momento atual com o clima de uma cidade. “Olhamos para a janela e ainda está sol. Mas sabemos que vai chover, a previsão do tempo não é boa”, afirmou.

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