O Bitcoin é uma moeda totalmente digital, descentralizada e sem a necessidade de uma autoridade monetária central para controlá-la. Ele foi criado por Satoshi Nakamoto (anônimo), em reação à política de injeção massiva de liquidez promovida pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) durante a crise do subprime de 2008.
O possuidor do Bitcoin, de fato, age como único responsável pela custódia e utilização de seus próprios recursos. Ou seja, não há a necessidade de intermediários, como os bancos, para que seja possível a movimentação do dinheiro.
De forma ainda mais agressiva que em 2008, durante a crise do Subprime, os bancos centrais das principais economias do mundo aumentaram recentemente a injeção de liquidez nas economias, com uma política de estímulos monetários e fiscais em função da crise econômica desencadeada pela pandemia.
Com as economias em séria retração, baixa produtividade das empresas (redução da oferta de produtos e serviços) e uma grande circulação monetária (através de estímulos governamentais de transferência direta de dinheiro dos governos para a população), formou-se a tempestade perfeita para a inflação.
A inflação nada mais é que o excesso de moeda em circulação, o aumento de preços é a sua consequência. Com mais moeda em circulação, diante da principal lei da economia (da oferta e da demanda), acaba havendo a desvalorização da moeda. Lamentavelmente, o real já se desvalorizou mais de 85% desde a sua criação, em 1994. Isso representa a esmagadora perda do poder de compra, ou seja, o empobrecimento coletivo do brasileiro. A despeito dessa perda acumulada, de tempos em tempos ela se acentua.
Quando o código do Bitcoin foi escrito, o criador estipulou o limite de 21 milhões de unidades da criptomoeda. Atualmente, existem cerca de 19 milhões em circulação, ou seja, apenas mais 2 milhões de Bitcoins poderão ser minerados.
Essa escassez já o diferencia das moedas fiduciárias mundiais que se encontram em constante expansão, desvalorizando-se ao longo do tempo. Dessa forma, em situações de inflação potencial, aumenta-se a procura por Bitcoin e outros ativos que não possam ser inflacionados.
Ou seja, não é que necessariamente eles aumentem o valor (o que pode acontecer, por conta do crescimento da demanda) mas, em suma, o que ocorre é que a moeda fiduciária perde o valor, e esses ativos não, logo, eles automaticamente já sofrem uma relativa valorização. A grande verdade é que se fosse possível apenas mantermos o nosso poder de compra, no longo prazo, estaríamos em um patamar muito superior atualmente.
Corroborando a necessidade da exposição ao criptoativo deflacionário, é possível observar seu funcionamento como alento para a população que vive em países com grave crise fiscal, como os argentinos e venezuelanos, por exemplo. Com inflação monetária sem precedentes, em função de baixíssima austeridade fiscal e descontrole das contas públicas, o Bitcoin funciona, de fato, como proteção contra as moedas locais, pela sua característica intrínseca de escassez, além de ser cotado em moeda forte (dólar).
Em função dos aspectos citados, é notório os inúmeros benefícios que existem numa exposição ao Bitcoin. O poder da descentralização e a possibilidade de o proprietário do criptoativo possuir todo o controle sobre seus recursos é algo libertário e protetivo, já que as irresponsabilidades e desmandos de governos centralizadores seriam insuficientes para atingir o poder de compra de alguém exposto ao Bitcoin (criptoativo deflacionário).
Entretanto, é importante ressaltar que criptomoedas são ativos que possuem alta volatilidade, podendo valorizar ou desvalorizar muito rapidamente, já que são negociadas 24 horas por dia e 7 dias por semana. Dessa forma, o que importa, efetivamente, é sempre manter sua exposição baseada nos fundamentos e fazer um adequado gerenciamento de riscos do seu portfólio.