O Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) decidiu, na última quarta-feira (26), manter a taxa de juros de referência do país inalterada entre 0 e 0,25% ao ano como já era esperado pelo mercado. A autoridade monetária dos EUA também indicou que está se preparando para aumentar a taxa já na próxima reunião.
No comunicado divulgado logo após a decisão, o Fed destacou que com a inflação bem acima da meta de 2% e um mercado de trabalho forte, o Comitê espera que em breve seja apropriado aumentar a taxa de juros.
Jerome Powell, presidente do Fed, reforçou a afirmação durante seu discurso e destacou que o aumento deverá acontecer no próximo encontro do Fomc (Comitê de Mercado Aberto, na sigla em inglês). “O comitê tem a intenção de aumentar a taxa dos federal funds na reunião de março, assumindo que as condições sejam apropriadas para isso”, disse Powell.
Segundo especialistas ouvidos pelo blog, antes do comunicado do Fed o mercado esperava quatro reuniões consecutivas com aumento dos juros. Agora, a estimativa passou para 4,55 aumentos – ou seja, já existe uma grande chance de que cinco encontros do Fomc resultem em elevação da taxa de referência nos EUA.
Além disso, o Fed também deixou sinalizado que o fim dos estímulos monetários via recompra de títulos deverá acontecer já na próxima reunião.
Conhecida como “tapering”, a retirada implica em menos dinheiro circulando na economia norte-americana e mundial, em um momento em que a inflação avança cada vez mais e preocupa autoridades de todo o mundo.
A compra de ativos no mercado é o instrumento de injeção de liquidez usado pelo Fed. Com o intuito de controle a curva de juros e sustentar o preço dos mercados, a autoridade monetária adquire ativos como Treasury Notes, T-Bills, Bonds (títulos de dívida do Tesouro) e MBS (títulos de dívida lastreado em hipotecas). O tapering consiste em deixar os títulos atuais vencerem e reduzir a compra de novos.
A decisão do Fed acontece em um momento em que o nível de desaprovação do governo Joe Biden registra recordes, passando de 40% em abril do ano passado para cerca de 55% atualmente.
A percepção do governo é que a inflação acaba sendo mais relevante para a aprovação do presidente do que a taxa de desemprego, já que ela atinge a população toda – enquanto o desemprego só atinge uma parte.
O que deve acontecer após a alta dos juros
A alta da taxa de juros nos EUA pode fortalecer o dólar contra as principais moedas do mundo, já que a tendência é que os investidores direcionem seus recursos de forma ainda mais acentuada para os EUA.
A combinação entre o “porto seguro” dos investidores – já que o país é considerado o mais seguro do mundo para investimentos – com uma remuneração mais alta poderá reduzir a liquidez global, pressionando a cotação de outras moedas.
Outro impacto importante deverá acontecer no mercado acionário. Afinal de contas, a taxa de juros soberanos é utilizada no cálculo de precificação do valor justo de uma ação.
Logo, se tivermos uma elevação dos juros, os modelos de valuation precisarão ser readequados, fazendo com que o valor justo das empresas diminua e implicando em uma correção no preço dos papéis.
Recentemente, os títulos de 10 anos dos EUA já mostraram uma forte alta – antecipando esse movimento de aperto monetário no país. O mercado acionário também começa a sentir os efeitos: apenas este ano, o S&P 500 já caiu quase 10%, enquanto o índice Nasdaq recuou 15,66% até o dia 27 de janeiro.
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