O ano de 2022 será repleto de desafios para as economias globais e o avanço da inflação deve figurar no topo das preocupações dos agentes econômicos, na opinião de economistas da FGV (Fundação Getulio Vargas).
“O grande desafio em 2022 para as economias avançadas será como administrar as pressões inflacionárias que emergiram em 2021 e como desmontar os fortes estímulos monetários adotados em reação à pandemia, aí incluída a questão de reduzir os balanços dos bancos centrais”, aponta trecho do relatório Boletim Macro, assinado pelos economistas Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos.
Segundo eles, a pressão nos preços deve ser influenciada pelo consumo das famílias, que continua muito robusto devido à poupança acumulada no auge da pandemia e pela recuperação da renda do trabalho.
O processo de desaceleração da inflação será ainda mais doloroso no Brasil, que registrou um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de mais de 10% em 2021. “A deterioração do arcabouço fiscal e os riscos políticos tornam o processo de desinflação mais custoso para a sociedade”, afirmam os economistas.
As eleições presidenciais em outubro, o fenômeno climático La Niña (que afeta a produção agrícola) e as fragilidades fiscais são alguns dos desafios a serem enfrentados pelo governo para controlar a inflação de 2022, de acordo com o relatório da FGV.
“Com tantas fontes de pressão sobre os preços, não parece fácil acreditar que a inflação termine o ano sem ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta de inflação (5%, a soma de 3,5% da meta e 1,5 ponto porcentual do intervalo de tolerância)”, disseram.
Mesmo que o aperto da política monetária – com a alta na taxa básica de juros – contribua para reduzir as pressões inflacionárias, os preços da energia e o fenômeno La Niña devem manter altos os custos de produção. Além disso, os preços dos alimentos devem continuar em patamar elevado.
“Tudo isso dificultará a desaceleração da inflação em 2022, que poderá fechar o ano acima de 5%”, acreditam os economistas.
EUA
Nos EUA, o avanço da inflação e os dados de emprego devem contribuir para a aceleração do tapering (retirada de estímulos) e elevações das taxas dos Fed Funds ainda no primeiro semestre de 2022.
“Ainda não estamos convencidos de que o ajuste dos juros começará na reunião de março, mas temos convicção de que o orçamento de juros de 2022 será maior do que as três elevações sugeridas no DOTS de dezembro”, afirmam.
Na penúltima reunião do Fed, em dezembro do ano passado, Jerome Powell, presidente da entidade, foi taxativo ao afirmar que a inflação elevada motivou a aceleração do tapering, já que haveria risco real de ela se tornar mais persistente e isto seria a maior ameaça à retomada plena da economia americana – em específico, do mercado de trabalho.
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