A inflação descontrolada acompanhou as famílias brasileiras durante décadas e até hoje é responsável por uma série de comportamentos que prejudicam as finanças, como a dificuldade de poupar e o impulso de consumir rapidamente pelo medo de que os produtos encareçam da noite para o dia.
Desde que o Plano Real foi instituído, a inflação anual na faixa de três ou até quatro dígitos deixou de existir no Brasil, mas isso não significa que o poder de compra das famílias não foi seriamente afetado pela alta generalizada dos preços.
Um levantamento do economista Richard Rytenband, CEO da Convex Research, com base em dados do Banco Central, mostra que para ter o mesmo poder de compra de R$ 1 milhão em 1994 – ano do início do Plano Real – uma pessoa precisa ter hoje o equivalente a R$ 7 milhões.
Isso porque a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) nestes 26 anos foi de nada menos do que 613%.
“Este é um exemplo bem didático da perda de poder aquisitivo ao longo do tempo e a importância de levar isso em conta no planejamento da aposentadoria”, diz Rytenband.
Também é preciso destacar que essa conta leva em consideração apenas o IPCA, índice que mede a inflação oficial do país. “Na realidade, dependendo do padrão de consumo, a inflação de preços pode ter sido muito maior do que isso”, diz Rytenband.
Por isso, quem está investindo para o longo prazo deve sempre se preocupar em obter ganhos reais – acima da inflação – e conseguir preservar o poder de compra ao longo do tempo.
“Não adianta se programar para atingir R$ 1 milhão em tantos anos em termos nominais, no futuro o poder de compra desse valor será bem menor”, pontua o economista.
Inflação vem aumentando cada vez mais
Se você se surpreendeu com a inflação acumulada neste período do Plano Real, não se esqueça que mesmo em períodos mais curtos a inflação está cada vez mais elevada no país.
De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA ficou em 10,06% em 2021. Este foi o maior resultado desde 2015, quando a inflação havia sido de 10,67% no país. Considerando apenas o mês de dezembro, o IPCA foi de 0,73%.
A inflação acumulada do ano passado marcou quase o dobro do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional para 2021, que era de 5,25%.
Americanos também perderam poder de compra
Apesar de ter uma inflação mais branda que o Brasil, países desenvolvidos e com moeda considerada forte, como os EUA, também enfrentam a inflação de preços ao longo do tempo.
Um levantamento divulgado pela diretora de operações da Convex Research, Thata Saeter, mostra como a inflação afetou o poder de compra dos norte-americanos nas últimas décadas.
Desde a década de 1950 o dólar perdeu 91,3% do seu poder de compra inicial. Isso significa que uma nota de US$ 100 em 1950 equivale atualmente a um poder de compra de US$ 8,7 (veja na imagem abaixo).
Por lá, a inflação também vem em trajetória crescente desde que foram injetados trilhões de dólares na economia na tentativa de amenizar os efeitos da pandemia.
Em dezembro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aumentou 0,5% após avançar 0,8% em novembro, segundo dados do Departamento do Trabalho norte-americano. No acumulado do ano, o IPC subiu 7,0%, maior aumento anual desde junho de 1982.
Lembrando que a taxa está muito acima da meta do Federal Reserve, de 2% ao ano.
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