Quando é o momento ideal de vender um ativo? Esta é uma pergunta feita por muitos investidores e foi o tema do último memorando de Howard Marks, considerado um dos maiores gestores de portfólio do mundo.
Marks é o fundador da Oaktree Capital, gestora especializada em ativos de risco e muito respeitada por sua capacidade de entregar resultados consistentes de longo prazo, mesmo investindo em papéis de alta volatilidade.
Ele inicia o memorando lembrando que boa parte das pessoas está familiarizada com a velha máxima atrelada aos investimentos: “compre na baixa e venda na alta”
No entanto, ele reforça que esse conselho não passa de uma caricatura banal da forma como a maioria das pessoas enxergam os investimentos. “Poucas coisas que são tão importantes podem ser resumidas em apenas algumas palavras”, destaca.
O gestor lembra que em um memorando de 2015 ele citava a preocupação com uma queda na liquidez fornecida pelo mercado de ações dos EUA.
“Encerrei aquele memorando declarando minha convicção de que a maioria dos investidores negocia demais, para seu próprio prejuízo, e que a melhor solução para a falta de liquidez é construir carteiras para o longo prazo que não dependem de liquidez para o sucesso”, diz Marks.
Ele acrescenta que investidores de longo prazo têm vantagem sobre aqueles que focam no curto prazo – que ele descreve como maioria dos participantes do mercado atualmente.
“Investidores pacientes são capazes de ignorar o desempenho de curto prazo, manter sua posição e evitar negociações excessivas, enquanto todo mundo se preocupa com o que vai acontecer no próximo mês ou trimestre. Além disso, os investidores de longo prazo podem tirar vantagem se os ativos ilíquidos se tornarem disponíveis para compra a preços de barganha”, continua Marks.
Ao mesmo tempo, ele pondera que é mais fácil falar do que fazer e cita diversos exemplos:
– Todo mundo gostaria de ter comprado a Amazon por US$ 5 no primeiro dia de 1998, já que agora ela subiu 660 vezes a US$ 3.304.
– Mas quem teria continuado a segurar quando a ação atingiu US$ 85 em 1999 – um aumento de 17 vezes em menos de dois anos?
-Entre aqueles que resistiram, quem teria sido capaz de evitar entrar em pânico em 2001, quando o preço caiu 93%, para US$ 6?
– E quem não teria vendido no final de 2015, quando atingiu US$ 600 – um aumento de 100 vezes em relação à baixa de 2001?
Marks afirma que quanto mais ele reflete sobre o comportamento dos investidores, mais se convence de que existem duas razões principais pelas quais as pessoas vendem investimentos: porque estão em alta e porque estão em baixa.
“Você pode dizer que parece maluco, mas o que é realmente maluco é o comportamento de muitos investidores”, afirma.
Mas, afinal, quando os investidores devem vender?
Marks destaca que é preciso basear as decisões de investimento em nossas estimativas do potencial de cada ativo, sempre ponderando os seguintes pontos:
– não devemos vender apenas porque o preço subiu e a posição aumentou;
– podem haver razões legítimas para limitar o tamanho das nossas posições;
– mas não há como calcular cientificamente quais deveriam ser esses limites.
“Em outras palavras, a decisão de cortar posições ou vender totalmente se resume a julgamento”, pondera o fundador da Oaktree.
Para isso, é preciso avaliar se a tese de investimento ainda faz sentido e pensar no custo de oportunidade de permanecer com seu capital investido naquele ativo.
Por fim, ele afirma que aqueles investidores que costumam operar comprando e vendendo ativamente, tentando encontrar o “timing” do mercado, dificilmente superam a média.
“Você pode até tentar aumentar os retornos ao fazer esse tipo de operação, mas é improvável que essas atitudes funcionem”, afirma.
Ele ainda destaca que existem traders trabalhando na Oaktree, mas a função desses profissionais é implementar decisões de investimento de longo prazo tomadas pelos gestores de portfólio com base nos fundamentos dos ativos.
“Ninguém na Oaktree acredita que pode ganhar dinheiro ou avançar na carreira vendendo agora e comprando novamente depois de uma forte queda, em vez de manter o ativo por anos e que os preços aumentem por conta dos fundamentos”.
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