Se um investidor comprar ações de uma empresa sólida, com grande potencial de crescimento, e permanecer com os papéis por bastante tempo, ele vai se beneficiar do seu desenvolvimento e pode ganhar muito com a sua valorização.
Esta é a principal premissa do “buy and hold”, ou “comprar e segurar”, uma estratégia de ações baseada nos conceitos do value investing e muito utilizada no mundo todo.
Investidores consagrados como Warren Buffett e o brasileiro Luiz Barsi são conhecidos por adotar esta filosofia de investimentos. Entre as empresas que Buffett investe, algumas fazem parte do seu portfólio há décadas.
É o caso da American Express, que ele começou a investir em 1963. Hoje, Buffett possui nada menos do que US$ 18 bilhões em ações da administradora de cartões.
Outro exemplo de como Buffett utiliza o buy and hold são as ações da Coca-Cola. A Berkishire Hathaway, sua holding de investimentos, comprou cerca de US$ 1 bilhão em ações da companhia entre 1988 e 1994. Com a valorização das ações, o megainvestidor tem cerca de US$ 22 bilhões em papéis da Coca-Cola atualmente.
Os ganhos de Buffett e de Barsi ao longo do tempo não deixam dúvidas de que o buy and hold pode ser bastante eficaz, mas especialistas fazem algumas ressalvas em relação à estratégia.
Em primeiro lugar, é importante se manter atento aos fundamentos da companhia e fazer mudanças de rota ao longo do tempo, sempre que for necessário. Afinal, buy and hold é diferente de “buy and forget” (comprar e esquecer).
O racional por trás disso é que muita coisa pode acontecer em uma empresa com o passar dos anos. Ameaça de novos concorrentes, mudanças na gestão e alterações no modelo de negócio são apenas alguns dos movimentos que tendem a impactar nos rumos da companhia e afetar o preço das suas ações.
Além disso, estudos comprovam que o buy and hold funciona em momentos específicos do mercado. Quando as ações estão muito caras, com preços acima dos fundamentos e com pouca margem de segurança, o buy and hold costuma a dar errado.
Já quando o mercado está muito barato, o investidor que faz uma seleção criteriosa das ações e compra com objetivo de longo prazo tende a se beneficiar da sua valorização por anos.
Um dos estudos mais robustos sobre a estratégia envolveu 17 países e analisou ações de empresas desde 1881. Esse levantamento chegou à conclusão de que utilizar o buy and hold em períodos em que o mercado estava caro gerou retornos muito baixos por cerca de 10 anos.
Por outro lado, quando os mercados estavam muito baratos, os resultados foram excelentes – comprovando a eficácia do buy and hold.
Dividendos
A estratégia de buy and hold também é bastante focada no recebimento de dividendos ao longo dos anos. Isso porque empresas sólidas e com boa geração de caixa tendem a distribuir bons proventos aos seus acionistas – tanto na forma de dividendos quanto de JCP (juros sobre capital próprio).
Durante o período de acumulação de patrimônio, muitos preferem reinvestir os dividendos em novas ações e assim aumentar ainda mais a sua participação na empresa. Para isso, no entanto, é importante reavaliar seus fundamentos periodicamente.
O bilionário Luiz Barsi é conhecido por este tipo de abordagem na bolsa brasileira – tanto que é chamado por muitos de “O rei dos dividendos”. Entre as ações que ele possui há muitos anos e que pagam dividendos elevados estão empresas como Itaúsa e Eletrobras.
Já os investidores que têm um perfil rentista costumam utilizar os dividendos como um complemento da renda, principalmente durante a aposentadoria.