“O mercado de ações está repleto de indivíduos que sabem o preço de tudo, mas não conhecem o valor de nada”
A frase acima é do investidor Philip Fisher, considerado uma lenda no mercado financeiro por sua capacidade avaliar as empresas utilizando a Análise Fundamentalista.
Neste tipo de análise, o investidor observa uma série de fatores ligados à situação financeira da empresa e as suas perspectivas futuras. Para isso, são utilizados todos os recursos e informações disponíveis publicamente, principalmente os dados do balanço trimestral, tais como: lucro líquido, receitas, margens operacionais, entre diversas outras informações.
Com estes dados em mãos, é possível calcular se o preço que a ação está sendo negociado na Bolsa de Valores é justo, se ela está cara ou barata, por exemplo.
Para exemplificar de uma maneira simples. Imagine que a ação da empresa ABCD esteja valendo R$ 15 na Bolsa. Um analista resolve então avaliar os fundamentos da empresa para saber se este preço é realmente justo.
Após observar as informações do balanço e outros dados da companhia, o analista chega à conclusão de que aquele papel deveria custar R$ 20. Neste caso, pode-se dizer que vale a pena comprar a ação ABCD pelos R$ 15 atuais, já que a tendência é que ela se valorize até atingir o preço que reflete seus fundamentos.
Além dos dados sobre a empresa, informações macroeconômicas também são importantes para conseguir fazer uma análise mais completa. Em momentos de forte aquecimento econômico, por exemplo, as empresas encontram ambiente favorável para lançar novos produtos, prospectar clientes e aumentar as suas receitas.
Já quando a economia está estagnada, como agora, a maioria das empresas tendem a ter um desempenho operacional abaixo das expectativas.
Indicadores como o nível de inflação, taxa de juros, confiança do consumidor e dos empresários também influenciam a atividade das corporações e, consequentemente, têm impacto em seu valor.
Como descobrir o valor da empresa
Dentro da análise fundamentalista, uma série de métodos podem ser usados para descobrir o potencial de valorização das ações de uma empresa.
Um dos mais conhecidos é chamado de Fluxo de Caixa Descontado, no qual o valor da companhia é estimado com base no seu potencial de gerar fluxos de caixa futuros. Quanto maior for esse potencial de geração de caixa, mais valiosa é a empresa e mais caras deverão ser as suas ações na Bolsa.
Outra maneira comum de avaliação é baseada nos múltiplos. Apesar do nome diferente, este tipo de análise é bem simples. Para explicá-lo, vamos usar como exemplo um dos múltiplos mais comuns: o P/L (Preço/Lucro).
Neste caso, basta dividir o preço da ação pelo lucro por ação. Quanto maior for o resultado dessa divisão, mais cara pode ser considerada uma empresa.
Fundos de ações
A grande maioria dos gestores de fundos de ações utiliza a análise fundamentalista para embasar as suas decisões de compra e venda. Ou seja, eles passam o dia debruçados sobre os relatórios das empresas, analisando suas perspectivas futuras, além de avaliarem as informações macroeconômicas (como taxa de juros, PIB e inflação) para decidir se vale ou não a pena comprar aqueles papéis pelo preço que estão sendo negociados.
Para isso eles cobram seus “honorários” através da taxa de administração do fundo. Alguns também cobram uma taxa de performance, que pode variar de um fundo para outro e está sempre atrelada ao resultado do fundo em relação ao seu referencial (benchmark).
Grandes nomes da análise fundamentalista
Benjamin Graham
Para se ter ideia da importância de Benjamim Graham, ele é nada menos do que o mentor do megainvestidor Warren Buffet. Graham é considerado o “pai” do value investing, tipo de análise fundamentalista que foca em encontrar empresas com preço abaixo do seu valor justo.
Graham nasceu na Inglaterra em 1894 e faleceu em 1976. Ele dedicou boa parte de sua vida ao estudo do mercado financeiro. Foi professor de Buffett (de quem se tornou um grande amigo) e escreveu livros que são considerados clássicos da análise fundamentalista, como “O Investidor Inteligente” e Security Analysis”, este último escrito em parceria com David Dodd.
Philip Fisher
Philip Fischer é considerado o nome mais importante do growth investing (investimento em ações de crescimento, uma outra vertente da análise fundamentalista). Ele nasceu em 8 de setembro de 1907, em São Francisco, nos EUA. Formou-se em economia e aos 21 anos começou a trabalhar no mercado financeiro como analista.
Em 1938 ele abriu sua própria empresa de administração de recursos, a Fisher & Co, que ficou sob seu comando até 1999 – quando Fisher tinha 91 anos. Como investidor, ele se especializou em empresas inovadoras, impulsionadas por pesquisa e desenvolvimento, e sempre focou sua análise em fundamentos de longo prazo das companhias.
Fisher faleceu em março de 2004, aos 96 anos. Entre seus livros mais famosos está “Ações comuns, lucros extraordinários”.
Warren Buffett
Considerado por muitos o maior investidor do mundo, Warren Buffett é presidente da holding de investimentos Berkshire Hathaway e um dos maiores expoentes do value investig, tipo de análise que ele aperfeiçoou com seu mentor Benjamin Graham.
Nascido em 1930 na pequena cidade de Omaha, no estado norte-americano de Nebraska, ele é atualmente a quinta pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 83 bilhões, de acordo com a Forbes.
Aos 90 anos, Buffett ainda está na ativa e entre as ações que sua empresa de investimentos possui estão Apple, Coca-Cola, Bank of America e American Express.