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Nodes, mineradores e blocos: o que pode atrapalhar a evolução do Bitcoin?

Na última segunda-feira (5), o mercado de criptomoedas foi pego de surpresa com o anúncio do processo movido pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) contra a Binance. A SEC acusa a Binance de 13 crimes, incluindo a venda de títulos mobiliários sem autorização.

Logo após o anúncio, as maiores criptomoedas registraram fortes quedas praticamente ao mesmo tempo. O Bitcoin (BTC) perdeu mais de 4%, o token da Binance (BNB) perdeu 8%, Solana (SOL) perdeu 7,5% e assim por diante. E muitas pessoas voltaram a soar a velha cantilena do “fim do Bitcoin”.

Não, o processo contra a Binance não acabará com o BTC. A criptomoeda vai seguir em frente mesmo se a Binance falir graças a esse processo. Mas sim, existem algumas coisas que podem causar muitos impactos negativos no BTC se vierem a ocorrer, e vamos conhecê-las no texto de hoje.

O Bitcoin sobrevive às exchanges

Ao contrário dos temores gerais e do sensacionalismo de muitos veículos de mídia, casos envolvendo exchanges não são um fator que pode acabar com o BTC. E o maior exemplo disso está na famosa exchange Mt. Gox, que faliu há quase 10 anos.

Criada em 2011, a Mt. Gox foi a maior exchange do planeta durante quase 3 anos e chegou a concentrar mais de 80% das negociações globais de BTC. A título de comparação, mesmo a gigante Binance fechou 2022 com apenas 66,7% do volume total de negociações do mercado.

No entanto, a Mt. Gox chegou ao seu fim em fevereiro de 2014, quando foi alvo de um ataque hacker que desviou 850 mil BTC de sua plataforma. Este foi, até hoje, o maior ataque a uma exchange na história, já que o valor atual corresponde a mais de R4 107 bilhões.

Quando o ataque ocorreu, o BTC chegou a perder mais de 85% de seu valor de mercado nos meses seguintes, caindo de US$ 1.100 para cerca de US$ 200 em meados de 2015. Mas a criptomoeda não morreu, outras grandes exchanges surgiram (incluindo a Binance), e o mercado seguiu em evolução até chegar no seu estágio atual.

Nesse meio tempo, outras grandes exchanges sofreram ataques massivos, como a Bitfinex em 2016 e a própria Binance, causando perdas de milhares de BTC. Só que a criptomoeda continua firme e apesar da volatilidade nos preços, a tendência de longo prazo segue de valorização.

Os fundamentos do Bitcoin

As exchanges são veículos importantes que ajudam usuários a comprar e vender criptomoedas com mais facilidade. Graças ao surgimento dessas plataformas, negociar BTC e outras criptomoedas ficou cada vez mais fácil.

Só que apesar desse importante papel, elas não são essenciais para o funcionamento do BTC nem de nenhuma criptomoeda. Por isso que se uma exchange quebra, os clientes podem sofrer graves perdas, mas a rede da criptomoeda segue intacta e funcionando normalmente.

Dessa forma, as exchanges não fazem parte dos fundamentos da rede do BTC e, portanto, não podem afetá-lo em termos de projeto, apenas de preços. Mas algumas coisas podem causar falhas e até atrapalhar o desenvolvimento da criptomoeda. Essas coisas são a redução dos full nodes, a centralização da mineração ou ataques contra a blockchain.

Redução dos full nodes

Os full nodes são computadores que rodam o Bitcoin Core, software que contém o código do Bitcoin. Esses computadores validam os blocos da rede e garantem que todos os usuários – incluindo os mineradores – sigam o consenso da rede.

Por isso os nós são tão importantes para manter a rede segura, pois quanto mais nós espalhados pelo mundo, mais proteção a rede do Bitcoin terá. De acordo com o site Bitnodes, a rede do Bitcoin possui mais de 17 mil nodes, com a maioria deles presentes nos EUA e na Alemanha.

Qualquer pessoa que tenha um computador e um HD com 1 terabyte de armazenamento pode se tornar um full node do Bitcoin. Por isso que qualquer pessoa consegue validar a rede, o que reforça a descentralização.

Nesse sentido, o maior ataque ao Bitcoin seria o aumento do tamanho dos blocos da rede, o que causaria um aumento no tamanho dos blocos. Esse aumento levaria a uma maior exigência de armazenamento, o que pode reduzir a capacidade dos usuários de rodar um nó em casa.

Com menos nós, a rede tende a ficar mais centralizada, o que pode aumentar os riscos de que haja algum problema.

Centralização dos mineradores

Assim como os nodes, os mineradores também estão espalhados ao longo do planeta. Por muito anos, a China abrigou mais de 60% dos mineradores, mas o país baniu a atividade em 2021, o que causou a migração dos mineradores para outros países, sobretudo EUA, Cazaquistão e Rússia.

Hoje, a maior concentração de mineradores está nos EUA, mas corresponde a menos de 40% do total. Ou seja, eles se espalharam mais após o banimento da China, o que aumentou a segurança e diminuiu a possibilidade do Bitcoin perder poder de processamento (hash rate) graças a um novo banimento.

Portanto, o maior risco em termos de mineração é que o hash rate se concentre novamente em um só país, já que um novo banimento poderia levar o Bitcoin a perder muito poder de processamento, pelo menos no curto prazo.

Ataques

Em sua origem, o Bitcoin é um código escrito por Satoshi Nakamoto, mas que hoje é mantido pela equipe do Bitcoin Core. São os desenvolvedores que mantêm o código ativo e coordenam suas atualizações, como ocorreu com o SegWit em 2017 e o Taproot em 2021.

Dada a sua natureza como um dinheiro, atualizar o código do Bitcoin é extremamente difícil. A maioria das atualizações requerem a aprovação tanto dos nodes quanto dos mineradores em um consenso de até 90%. Logo, toda a rede precisa estar de acordo com a atualização antes dela ser implementada.

Mas se uma atualização for implementada com algum problema que passe despercebido pelos desenvolvedores e pela rede, isso pode afetar negativamente o BTC e causar problemas. Ou se alguém conseguir atacar a blockchain em si, causando alguma falha grave.

Felizmente, o BTC passou pelos últimos 14 anos sem sofrer nenhum ataque bem sucedido em nenhuma dessas três frentes, e segue numa trajetória de evolução sem ser perturbado.

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