Entre os pontos levantados pelo Relatório do Mercado de Eletricidade de 2023, publicado nesta quarta-feira (8), a Agência Internacional de Energia (AIE) reforçou o crescimento da demanda mundial de energia, protagonismo das energias renováveis e necessidade de “descarbonização”.
Força das energias renováveis
Nos próximos três anos, as energias renováveis devem dominar o crescimento da oferta mundial de eletricidade, já que juntamente com a energia nuclear, “atendem à grande maioria do aumento da demanda global até 2025, tornando improváveis aumentos significativos nas emissões de carbono do setor de energia”, afirma o relatório.
Depois de desacelerar ligeiramente no ano passado para 2% em meio à turbulência da crise global de energia e condições climáticas excepcionais em algumas regiões, espera-se que o crescimento da demanda mundial de eletricidade acelere para uma média de 3% nos próximos três anos
disse a AIE
Protagonismo do continente asiático
O ritmo mais rápido será impulsionado principalmente por economias emergentes do continente asiático, que representam um avanço em relação ao crescimento médio de 2,4% durante os anos anteriores à pandemia.
A AIE projeta que 70% do aumento na demanda global de eletricidade nos próximos três anos venha da China, Índia e Sudeste Asiático. Até 2025, a participação da China no consumo global atingirá um novo recorde.
Paralelamente, economias desenvolvidas buscarão expandir o uso de eletricidade para substituir os combustíveis fósseis em setores como como transporte, aquecimento e indústria.
“A crescente demanda mundial por eletricidade deve acelerar, adicionando mais do que o dobro do consumo atual de eletricidade do Japão nos próximos três anos. A boa notícia é que as energias renováveis e nucleares estão crescendo rápido o suficiente para atender a quase todo esse apetite adicional, sugerindo que estamos perto de um ponto de inflexão para as emissões do setor de energia. Os governos agora precisam permitir que as fontes de baixas emissões cresçam ainda mais rapidamente e reduzam as emissões para que o mundo possa garantir o fornecimento seguro de eletricidade enquanto atinge as metas climáticas”, pontuou Fatih Birol, Diretor Executivo da AIE.
Outras projeções
O relatório segue dizendo que a geração de energia a gás natural na União Europeia deva cair nos próximos anos, mas ocorrerá um crescimento significativo no Oriente Médio, o que deve compensar parcialmente essa queda.
Esperam-se quedas na geração a carvão na Europa e nas Américas, que serão provavelmente acompanhados por um aumento na região da Ásia-Pacífico, apesar do aumento na implantação de energia nuclear e no reinício de usinas em alguns países, como o Japão.
Consequentemente, depois de atingir um recorde histórico em 2022, as emissões de dióxido de carbono (CO2) da geração global de energia devem permanecer no mesmo nível até 2025.
O forte crescimento das energias renováveis significa que sua participação no mix global de geração de energia deve aumentar de 29% em 2022 para 35% em 2025, com a queda da participação da geração a carvão e gás.
Consumo de eletricidade por região
A AIE registrou uma variação ampla nas tendências da demanda de energia ao longo do ano de 2022.
Enquanto o consumo cresceu na Índia, o crescimento foi mais moderado na China, muito por conta de sua política de Covid zero, pesando fortemente na atividade econômica.
Nos Estados Unidos, houve m aumento robusto na demanda, impulsionado pela atividade econômica e maior uso residencial em meio a um verão mais quente e um inverno mais frio do que o normal.
Já na União Europeia, a demanda caiu devido ao inverno excepcionalmente ameno e uma redução no consumo de eletricidade no setor industrial, que reduziu significativamente a produção devido aos altos preços da energia e interrupções no fornecimento causadas pela invasão russa da Ucrânia.
Com isso, a queda de 3,5% na demanda da UE foi a segunda maior queda percentual desde a crise financeira global em 2009.
Conclusões
A agência conclui dizendo que a demanda e o fornecimento de eletricidade em todo o mundo estão se tornando cada vez mais dependentes do clima.
Isso destaca a necessidade de descarbonização mais rápida e implantação acelerada de tecnologias de energia limpa. Ao mesmo tempo, à medida que a transição para energia limpa ganha ritmo, o impacto dos eventos climáticos na demanda de eletricidade se intensificará devido ao aumento da eletrificação do aquecimento, enquanto a parcela de energias renováveis dependentes do clima continuará a crescer no mix de geração.
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