No último mês de 2022, a produção industrial do Brasil registrou variação nula, após cair -0,1% em novembro e avançar 0,3% em outubro, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), publicada nesta sexta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Portanto, a indústria brasileira encontra-se 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia da Covid-19 (fevereiro de 2020) e 18,5% abaixo do nível recorde da série, de maio de 2011.
No acumulado do ano de 2022, o setor acumula queda de 0,7%. No ano anterior, havia fechado com alta de 3,9%. Anteriormente, a indústria havia registrado duas quedas seguidas, em 2019 (-1,1%) e 2020 (-4,5%).
Influências
De acordo com André Macedo, gerente da pesquisa, a indústria tem um comportamento predominantemente negativo nos últimos anos.
“Muito do crescimento de 2021 (3,9%) tem relação direta com a queda significativa de 2020, ocasionada por conta do início da pandemia. Avançou em 2021, mas foi influenciada por uma base baixa de comparação e não superou as perdas de 2020”, disse Macedo em comunicado divulgado pelo IBGE.
O resultado do setor industrial de 2022 é consequência das medidas de incremento da renda realizada pelo governo, como por exemplo a antecipação do 13º para aposentados e pensionistas, liberação do FGTS, adoção de medidas de estímulo ao crédito, Auxílio-Brasil e auxílio concedido aos caminhoneiros, entre outros.
“Ao longo do segundo semestre, essa resposta perdeu fôlego e a indústria teve um comportamento de menor intensidade e com maior frequência de resultados negativos”, afirmou Macedo.
A desaceleração também pode ser vinculada a como a taxa de juros em elevação, que afeta diretamente os custos de crédito, além da inflação, principalmente dos alimentos, que impacta na renda das famílias e, por consequência, no consumo, explicou o pesquisador.
“Também há influência do aumento nas taxas de inadimplência e de endividamento. E o mercado de trabalho, que embora tenha mostrado clara recuperação ao longo do ano, ainda se caracteriza pela precarização dos postos de trabalhos gerados”.
Resultados por categoria
A queda de 0,7% no fechamento de 2022 atingiu as quatro grandes categorias econômicas, além da maioria dos ramos (17 de 26), dos grupos (54 de 79) e dos produtos (62,4% dos 805 pesquisados).
“É um perfil disseminado de recuo, que demonstra que a indústria nacional viveu, em 2022, uma retração que atinge diferentes grupos e segmentos da produção”, declarou Macedo.
A principal queda foi do setor de indústrias extrativas (-3,2%), puxado pelo minério de ferro. Outros segmentos também se destacaram, como produtos de metal (-9%), metalurgia (-5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,7%) e produtos de borracha e de material plástico (-5,7%).
Contudo, entre a minoria das atividades com expansão na produção, a de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que registrou alta de 6,6%, exerceu a maior influência positiva.
“Trata-se de um setor que manteve comportamento positivo ao longo de 2022, impulsionado, principalmente, por produtos com maior ligação com a mobilidade”, exemplifica o pesquisador. “Por fim, cabe lembrar também que é um setor que havia recuado em 2021 (-0,7%), ou seja, partiu de uma base menor de comparação”, ressaltou o pesquisador.
Comparação com dezembro de 2021
Na comparação com dezembro do ano anterior, a produção industrial caiu 1,3%, com resultados negativos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 18 dos 26 ramos, 45 dos 79 grupos e 57,8% dos 805 produtos pesquisados.
Entre as grandes categorias econômicas, a maior contração foi em bens de consumo duráveis (-5,8%), seguida de bens intermediários (-2,6%). As outras duas, bens de consumo semi e não duráveis (3,1%) e de bens de capital (0,9%), registraram os avanços na comparação interanual.
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