• Economia

Selic em 13,75% ao ano: analista comenta decisão e impactos na economia

Na reunião encerrada na quarta-feira (26), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros, Selic, em 13,75% ao ano, como já era esperado pelo mercado.

A atual taxa é a maior desde o reajuste estabelecido de dezembro de 2016 até 11 de janeiro de 2017, quando também estava em 13,75%. A última vez em que a Selic teve um valor mais alto do que esse foi no ciclo de 19 de outubro de 2016 até 30 de novembro de 2016, quando o índice foi a 14% ao ano.

Em seu comunicado, o COPOM destacou o risco do ambiente externo (aperto monetário e desaceleração global, assim como os riscos geopolíticos, tem gerado muito volatilidade); riscos fiscais tanto do Brasil quanto de países desenvolvidos e um hiato do produto mais estreito que pode vir a pressionar a inflação.

Segundo Renan Zanella, analista da Convex Research, é importante notar que a política monetária não é realizada de forma isolada. “Apesar da deflação no IPCA dos últimos meses, a autoridade monetária manteve a taxa de juros, na tentativa de mostrar um tom mais cauteloso e sugeriu que a taxa Selic pode permanecer neste patamar elevado por um período prolongado”, disse.

De acordo com o especialista, essa postura é vista como importante pelo fato da inflação implícita (inflação precificada pelo mercado) ainda não ter convergido completamente para a meta  e a política fiscal irresponsável pode forçar uma taxa doméstica maior do que o esperado.

“O fato é que independentemente de quem assuma o governo nos próximos dias, o Brasil enfrentará um desafio fiscal enorme em 2023; as promessas e renúncias fiscais feitas pelos dois candidatos sugerem um déficit muito alto, enquanto do outro lado, a arrecadação deve cair com o arrefecimento da inflação e queda das commodities”, disse Zanella.

Ainda assim, um ponto de atenção que é preciso ter no radar, é que apesar da taxa permanecer inalterada nominalmente, a taxa real (taxa nominal – inflação) segue aumentando e isso deve produzir impactos na economia.

 “A combinação de alto endividamento das famílias e do governo com o aumento dos juros reais é perigosa”, alerta o analista da Convex.

Ele também explicou que existe uma certa defasagem entre a política monetária e os seus efeitos na economia real, mas os indicadores de alta frequência, acompanhados pela Convex Research, já alertam para a perda de momentum da economia brasileira e uma possível desaceleração nos próximos trimestres.

“Para o investidor, vale lembrar que os títulos de renda fixa mais longos apresentam um risco muito elevado, portanto a cautela também se faz necessária”, destacou.

.

Compartilhe esse artigo
  • facebook
  • twitter
  • linkedin

Bolsa de valores

icone caixa de correio Assine nossa newsletter Receba nossas novidades por e-mail. Assine a newsletter

Matérias relacionadas