Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados até setembro. Este valor equivale a 64,25 milhões de pessoas, um recorde do levantamento, realizado há oito anos.
No mês passado, o volume de consumidores com contas vencidas cresceu mais de 11% em relação ao mesmo período de 2021. Na passagem de agosto para setembro, o número de dívidas apresentou alta de 2,05%.
“Apesar da melhora em alguns indicadores econômicos, muitos brasileiros ainda estão com dificuldade de fechar as contas no fim do mês. Parte do problema pode ser explicado pela renda da população que continua baixa”, disse José César da Costa, presidente da CNDL.
Costa avaliou que, mesmo com a leve diminuição do desemprego, a renda não é “suficiente” para reverter as perdas dos últimos trimestres porque os alimentos continuam caros.
“Apesar da inflação caindo, o preço dos alimentos continua subindo e ocupando boa parte do orçamento das famílias, especialmente aquelas com renda mais baixa”, completou.
O maior número de inadimplentes se concentra na faixa etária de 30 a 39 anos (23,99%), que são 15 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa. Entre os sexos, as mulheres devem mais: 50,90% contra 49,10% de homens.
De acordo com Roque Pelizzaro Junior, presidente do SPC Brasil, em média, o consumidor leva 10 meses para sair da inadimplência. “Por isso é tão importante o consumidor inadimplente fazer um levantamento de todas as dívidas que possui e traçar um plano para sair da situação. Concentrar todas as dívidas em um único lugar ajuda a ter mais controle, entender melhor o tamanho da dívida e fazer um planejamento”, explicou.
Principais dados
O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a 1 ano (35,16%). Cada indivíduo deve, em média, R$ 3.688,96, para 1,97 empresas credoras.
Quase quatro em cada dez consumidores (34,14%) tinham dívidas chegando a R$ 500, crescendo ainda mais quando as dívidas são de R$ 1.000 (48,87%).
Mais da metade das dívidas é com o setor de bancos, que registrou crescimento de 37,94%, seguido de Água e Luz (11,86%). Por outro lado, as dívidas com o setor credor de Comunicação (-11,57%) e Comércio (-0,28%) apresentaram queda no total de dívidas em atraso.
Em termos de participação, o setor credor que concentra a maior parte das dívidas é o de Bancos, com 61,18% do total. Na sequência, aparece Comércio (12,86%), o setor de Água e Luz, com 10,51%, e Comunicação, com 8,42% do total de dívidas.
Merula Borges, especialistas em finanças da CNDL, destacou que os próximos meses podem trazer um alívio para o cenário, com o 13º, emprego temporário e bandeira verde no preço da energia em dezembro, mas “é importante o consumidor priorizar o pagamento das dívidas e não cair nas tentações das compras de final de ano”.
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