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Argentina implementa “Dólar Catar” e “Dólar Coldplay”; entenda as cotações

Em meio à inflação chegando na casa dos 100% e a grave crise econômica atingindo a Argentina, o Ministério da Economia do país criou dois novos tipos de câmbio: o “Dólar Catar” e o “Dólar Coldplay”. Agora, a Argentina possui 15 tipos de cotações oficiais.

Com a medida, o governo pretende manter as reservas internacionais da moeda americana, tentando evitar a saída do dólar e aumentar a entrada.

Diferenças entre o Dólar Catar e Dólar Coldplay

O Dólar Catar, primeira das novas variantes do dólar – que leva o nome do país sede da Copa do Mundo 2022 -, é uma cotação que será aplicada para turistas.

Com o câmbio, os viajantes argentinos que gastarem mais de US$ 300 em solo internacional em cartão de débito ou crédito no período de um mês terão de pagar uma taxa de 45% sobre o valor das compras – o que equivale a uma cotação de 314 pesos por dólar.

Portanto, a medida é uma tentativa por parte do governo de desestimular a saída de dólares do país com as viagens internacionais. Porém, pode ocasionar no crescimento do número de argentinos que viajam com dinheiro físico, para evitar a utilização de cartões fora do país.

Na manhã desta quinta-feira (13), a cotação oficial da moeda americana na Argentina ultrapassava os 150 pesos.  O dólar paralelo, conhecido como dólar blue (ou dólar azul, na tradução), fechou cotado a 280 pesos na véspera.

O Dólar Catar entrou em vigor na última quarta (12), e não possui um prazo para ser encerrado. Então, deverá impactar as férias de verão no país.

Já o Dólar Coldplay é a variante da moeda americana que passará a ser aplicada para a contratação de atrações internacionais para shows dentro do país. Este custa a cotação oficial da moeda, mais uma cobrança de 30% de impostos. Portanto, é mais barato.

A variante permitirá que produtores possam contratar espetáculos estrangeiros por um dólar cotado a 200 pesos, ou seja, sem recorrer ao paralelo. O acesso ao dólar em sua cotação oficial (149 pesos) só é permitido para importação de bens de capitais e de compra de maquinárias e de insumos para a indústria.

Dessa forma, o governo argentino busca atrair mais shows para o país, tornando o processo de contratação menos custoso para empresários do setor de entretenimento.

Quais são as cotações para dólar em vigor na Argentina?

Devido a uma baixa reserva da moeda estrangeira na Argentina, as restrições para a compra de dólar se tornaram mais duras a partir do ano de 2018.

Atualmente, a compra de dólar ao valor oficial está praticamente proibida a particulares, que só podem comprar US$ 200 para fins de poupança, por mês. Caso for preciso mais, se torna necessário recorrer ao mercado “blue”, no qual a moeda norte-americana vale quase 285 pesos – em certos locais clandestinos de venda, pode chegar a 300 pesos.

Os dólares que estão em vigor na Argentina são as seguintes:

Dólar oficial

É disponível apenas a importadores de determinados bens para a indústria e exportadores que liquidem suas vendas no exterior, além dos bancos e o Banco Central. O acesso por parte dos importadores é feito por meio do Banco Central, que também compra as divisas ingressadas pelos exportadores, para deixar mais robustas as reservas argentinas

Dólar minorista

Consiste no preço a que os bancos vendem os bilhetes de dólar a seus clientes. Devido às restrições, é possível adquirir apenas US$ 200 por mês, e mesmo assim, para justificar a razão da compra, o comprador deve estar registrado e cumprir certos requisitos.

Dólar solidário

Usa como base o oficial, mas com a aplicação de um imposto de 65%. Esta variante também possui uma limitação de US$ 200 por mês, e deve ser justificada. Se o “minorista” se volta mais a quem tem pretensões de poupar com essa moeda, o “solidário” se presta à compra de bens considerados essenciais, como relacionados à saúde.

Dólar blue

Também chamado de “paralelo” ou “normal”, é o que rege o mercado de preços da Argentina, pois é o único mais acessível – ainda que ilegal. A cotação do “blue” se aproxima aos 300 pesos, e é quase 100% mais cara que o oficial.

O “dólar blue” é comercializado em casas de câmbio e por “arbolitos”, vendedores avulsos.

Dólar Netflix

É o dólar aplicado a serviços de “streaming” estrangeiros pagos com cartão de crédito, como Netflix, Spotify, outros. Neste caso, se aplica o dólar oficial agregado de duas taxas, uma de 45% e outra de 8%, do chamado “imposto país”, que se cobra sempre em que há uma compra realizada com moeda estrangeira.

Dólar estrangeiro

Foi criado para que turistas estrangeiros não tivessem de recorrer à informalidade. Porém, a dificuldade de sua implementação, resultou em baixíssima procura por parte dos turistas, que preferem aderir ao “blue”, mais fácil e que compensa mais.

A dificuldade está no fato de que o dólar estrangeiro exige que o turista abra uma conta temporária, apenas pelos dias em que estará no país, no qual pode depositar até US$ 5.000. No momento de abertura da conta, o turista recebe um cartão de débito, no qual pode realizar as transações necessárias em sua viagem no valor de um dólar que é intermediário entre o “blue” e o “oficial”

O governo afirma que isso seria mais seguro para os turistas, que não teriam de se expor ao buscar vendedores ilegais. Com a viagem chegando ao fim, o turista deve fechar a conta e o restante dos dólares é devolvido.

Dólar soja

Fica em vigor apenas em temporada de venda da soja ao exterior, permitindo que os exportadores recebam o resultado de suas vendas a um dólar na cotação de 200 pesos. No caso da soja, a principal reclamação são os impostos pagos ao governo, de 33%.

Dólar Bolsa e similares

Se aplica apenas para transações nesse mercado em específico, e se obtém na compra de um título público e em sua venda. Sua cotação varia segundo o prazo entre uma ação e outra.

Similar ao dólar Bolsa, existe também o “dólar contado com liquidação”, cuja diferença é que os dólares resultados da transação são depositados no exterior.

Também há o “dólar Senebi” (Segmento de Negociação Bilateral), aplicado a negociação de bônus.

Existem ainda os “dólares ADR“, também parecidos ao dólar bolsa, mas com liquidação no exterior, e os “dólares Cedear“, para ações cotadas em dólar no exterior.

Dólar Cripto

Destinado para aqueles que negociam compra e venda de criptomoedas, que são taxadas pelo Banco Central.

Entre em contato com a redação Money Crunch: [email protected]

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